quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Floresta de Livros: Um Crime no Expresso do Oriente

Floresta de Livros: Um Crime no Expresso do Oriente: "Um Crime no Expresso do Oriente (Hercule Poirot 10)", de Agatha Christie ( RBA Coleccionables )  Sinopse:  Em pleno Inverno...

ainda o cadáver esquisito


E VOLTANDO AO ASSUNTO DO JOGO,LEMBREI-ME DE PROCURAR UMA FONTE FIDEDIGNA:MÁRIO CESARINY.UM DOS PRINCIPAIS REPRESENTANTES DO MOVIMENTO EM PORTUGAL.


Mário Cesariny adopta uma atitude estética de constante experimentação nas suas obras e pratica uma técnica de escrita e de (des)pintura amplamente divulgada entre os surrealistas. A sua poesia é animada por um sentido de contestação a comportamentos e princípios institucionalizados ou considerados normais nos campos do pensamento e dos costumes. Ao recorrer a processos tipicamente surrealistas (enumerações caóticas, utilização sistemática do sem-sentido ou do humor negro, formas paródicas, trocadilhos e outros jogos verbais, automatismo, etc.) alcança uma linguagem que sabe encontrar o equilíbrio entre o quotidiano e o insólito.2 Introduz também a técnica designada “cadáver esquisito”, que consiste na construção de uma obra por três ou quatro pessoas, num trabalho em cadeia criativa em que cada um dá continuidade, em tempo real, à criatividade do anterior, conhecendo apenas parte do que este fez.

Nos últimos anos de vida, desenvolveu uma frenética actividade de transformação e reabilitação do real quotidiano, da qual nasceram muitas colagens com pinturas, objectos, instalações e outras fantasias materiais.

Sobre as sessões para que o convidavam e em que o aplaudiam, o poeta comentava: Estou num pedestal muito alto, batem palmas e depois deixam-me ir sozinho para casa. Isto é a glória literária à portuguesa3 .


ANDEI PELA WIKIPÉDIA EM BUSCA DE REFERÊNCIAS RELACIONADAS E DESCOBRI ISTO:




quarta-feira, 24 de setembro de 2014

imagem & poema

Cadavre Exquis O lado surrealista da arte colaborativa

Cadavre Exquis O lado surrealista da arte colaborativa

O POEMA E O CADÁVER EXQUISITO

um jogo.uma folha de papel,entusiasmo,uns copinhos de ginja.(pode ser scotch,rum,cognac)
o papel é distribuido aos participantes do jogo.
devem escrever uma frase ou duas ou mesmo um parágrafo inteiro.
depois,dobra-se a folha e entrega-se ao seguinte,sem que este veja aquilo que foi escrito.e assim sucessivamente até voltar ao primeiro jogador.pode definir-se um título prévio e neste caso,cada um pode participar com uma palavra,um verbo e/ou um substantivo.mas é facultativo.
tem mais interesse construir um texto e de seguida escolher-se um título.
o dito texto pode resultar uma amálgama confusa de histórias ,embora haja sempre uma continuação caótica e absurda.
ou surrealista.
podemos chamar a este jogo:o cadáver esquisito.

reencontrei um poema meu que deriva de uma sessão em que participei.o cadáver exquisito em questão obedecia a um conjunto de regras pré-estabelecidas.por exemplo tinha de ser iniciado como um poema onde cada jogador inseria determinadas palavras.
"culto" era uma delas e cabia a mim.outra era "flauta" ou "oásis".
houve um que colocou "bicicleta","aspirador" e "vertigem".
aconteceu juntar "nuvem" a "sardinha".



A UM AMIGO QUE DESAPARECEU



FOSTE SUBLIME NA REPRESENTAÇÃO
DE REI-ESCRAVO-OURIVES
A TUA MENSAGEM SURGIU LEGÍVEL
POR ENTRE O SANGUE NO ANFITEATRO
DE UMA CIDADE NUNCA ESQUECIDA
CONHECESTE POR ACASO UM HOMEM QUE VAGUEAVA
SERENO NAS RUAS DE OUTROS HOMENS
TOCANDO UMA FLAUTA MÁGICA
QUE ATRAÍA TODAS AS MULHERES DO REINO?

QUANDO DISSESTE
QUE TODOS MORRERÍAMOS DE SEDE
NÃO TE ENGANASTE.
AINDA HOJE OS OÁSIS DE TODO O MUNDO
SÃO LUGARES DE CULTO.


fui em busca de exemplos e de uma fonte segura

Se você pudesse voltar ao longínquo ano de 1925, um bom local para visitar seria o número 24 da famosa Rue du Château, em Paris. Ali, na casa que o roteirista e ator Marcel Duhamel habitava com outros importantes artistas contemporâneos, costumavam se reunir alguns dos principais representantes do surrealismo no século XX: Yves Tanguy, Marcel Duchamp, Jacques Prévert, Benjamin Peret, Pierre Reverdy, André Breton e outras figuras que dificilmente poderiam ser enumeradas em ordem de grandeza.

Dependendo do momento em que você aparecesse, encontraria o grupo debatendo sobre os principais acontecimentos da época. Mas, como tudo é uma questão de timing, você também poderia chegar mais tarde e surpreendê-los no meio de uma curiosa e – na visão de alguns – pueril brincadeira: o Cadavre Exquis.

Literalmente, a expressão significa “Cadáver Requintado”, embora muita gente utilize traduções menos precisas, como “Cadáver Esquisito” ou “Corpo Estranho”. As regras originais do jogo são desafiadoramente simples: alguém inicia uma frase em um pedaço de papel e o entrega ao próximo participante, para que este continue o texto. Uma terceira pessoa acrescenta mais um trecho à sentença, passando-a àdiante. E assim sucessivamente. No entanto, cada jogador só é autorizado a ler a contribuição do participante imediatamente anterior a ele; o conteúdo inteiro do papel só é revelado no final.

Reza a lenda que o nome do passatempo deriva da frase que surgiu na primeira vez em que os surrealistas da Rue du Château decidiram experimentá-lo: “O cadáver requintado irá beber o novo vinho”. Outros resultados aussi bizarre vieram mais tarde (em tradução livre):

A luz completamente negra estabelece dia e noite a suspensão impotente para fazer o bem.

Monsieur Poincaré, se você quiser, beijos na boca, com uma pluma de pavão, em um ardor que eu nunca vi antes, o atrasado Monsieur de Borniol.

O camarão maquiado dificilmente ilumina alguns beijos duplos.

A Rua Mouffetard, estremecendo de amor, diverte a quimera que dispara sobre nós.

O Pathos, muito emocionado, agradece cantando o projétil de grama picada entre Line e Prâline.

Caraco é uma linda prostituta: preguiçosa como um arganaz, e coberta de vidro por nada fazer, ela encordoa pérolas com os perus da farsa.

Desde aquele comecinho de século, o Cadavre Exquis, além de ter influenciado diversos escritores e poetas que frequentavam a casa de Marcel Duhamel, expandiu-se com energia de gente viva para quase todos os segmentos artísticos. Nas artes plásticas, a técnica não apenas é usada para criar colagens e desenhos coletivos, mas também já gerou projetos como este interessantíssimo experimento da Asia-Europe Foundation, ou o recém-lançado The Exquisite Books: 100 Artists Play a Collaborative Game.

Nas telas, a coisa alcança um patamar ainda mais incrível. Se você mantém um rol de experiências instigantes, certifique-se de acrescentar a ele a animação oitentista AniJam, o filme Cadavre Exquis Première Édition e o sensacional documentário tailandês Misterious Object at Noon (dividido em 9 partes no YouTube), em que moradores de vilarejos do país constroem juntos uma história de ficção, ao mesmo tempo em que contam passagens marcantes de suas próprias vidas.
Bruno Lacerda
HÁ LIVROS QUE FICAM NUM ESPAÇO FRIO E POEIRENTO,GUARDADOS,ATÉ AO FIM DOS DIAS.(AS FOLHAS COLAM-SE NAS GAVETAS DA MEMÓRIA),ALGO SILENCIOSOS,EXPECTANTES,DESEJANDO QUE EU REGRESSE AO CORPO DELES E ME TORNE DENTRO DELES.HÁ LIVROS QUE POSSUEM A MÁGIA DE IREM CHAMANDO COM UMA VOZ DE PAPEL AMARELECIDO
LI O VIAN ALGUNS ANOS ATRÁS E CONFIRMO AQUELA SUSPEITA. .
RENDI-ME Á TRAMA DA OBRA E VOLTEI A LER.

Livro à Quarta: O Arranca Corações


«Como me sinto inquieta», pensou Clementina, debruçada à janela.
O jardim doirava-se ao sol.
Não sei onde eles estão, o Noël, o Joël ou o Citroën. Podem, entretanto, ter caído ao poço, ou comido alguns frutos envenenados, ou apanhado com alguma seta num olho, se algum outro miúdo anda a brincar no meio da estrada com um arco, ou podem ter sido contaminados pela tuberculose, se algum bacilo de Koch se meteu de permeio, ou terem perdido os sentidos, se cheiraram alguma flor de perfume muito intenso, ou terem sido picados por um escorpião trazido pelo avô de algum garoto da aldeia, algum célebre explorador que tenha chegado há pouco da terra dos escorpiões, ou terem caído de uma árvore abaixo, ou corrido, depressa demais e partido uma perna, ou brincado com a água e afogado, ou descido a falésia e estampado e quebrado a espinha, ou arranhado nalgum arame ferrugento e apanhado o tétano; foram até ao fundo do jardim e viraram uma pedra, debaixo da qual havia uma pequena larva amarela que vai desenvolver-se num abrir e fechar de olhos, e voar em direcção à aldeia, e introduzir-se no estábulo de um touro bravo e picá-lo no focinho; o touro sai do estábulo, deita tudo abaixo, e ei-lo que mete pernas ao caminho, em direcção a esta casa, vem de lá como doido, deixa tufos de pêlo negro em cada curva, presos às moitas de uva-espim; e, mesmo em frente de casa, lança-se de cabeça baixa contra uma pesada carroça puxada por um cavalicoque meio cego. Com o choque, a carroça desmantela-se e um pedaço de metal é projectado no ar a uma altura incrível; possivelmente um parafuso, uma cavilha, uma porca, um prego,
um ferro do varal, um gancho de ligação, um rebite das rodas, que foram carpinteiradas e depois quebradas, e reparadas mediante cinchos de freixo talhados à mão, e esse pedaço de ferro sobe, silvando, em direcção ao azul do céu. Passa por cima do gradeamento do jardim, e oh meu Deus, vai cair, vai cair e, na queda, aflora a asa de uma formiga voadora, arrancando-lha, e a formiga, mal dirigida, perdida a estabilidade, vagueia por sobre as árvores como uma formiga que já não presta, e tomba, de repente, sobre a relva onde, Deus meu, está o Joël, o Noël e o Citroën, a formiga cai em cima da bochecha do Citroën e, deparando, possivelmente, com uns restos de doce, pica-o...
— Citroën! Onde estás tu?
Clementina precipitara-se para fora do quarto e gritava, fora de si, enquanto descia as escadas a galope. No vestíbulo, esbarrou com a criada.
—Onde ó que eles estão? Onde estão os meus filhos?
—Estão a dormir — respondeu a outra, com ar de espanto. — É a hora da sesta.
Pois é, ainda não foi desta; mas era perfeitamente plausível. Voltou para o quarto. Com o coração aos pulos. Não há dúvida de que é um perigo deixá-los ir sozinhos para o jardim.
Boris Vian, O Arranca Corações
Tradução de Luiza Neto Jorge, Editorial Estampa
Boris Vian, escritor, compositor, trompetista, cronista de jazz, cenógrafo, actor de cinema.
Je serai content quant on dira / au téléphone / ... / V comme Vian... // J’ai de la veine que mon nom ne commence pas par un Q / Parce que Q comme Vian, ça me vexerait



terça-feira, 23 de setembro de 2014

leituras em dia

A MORTE E O CRIME FAZEM PARTE DA NATUREZA HUMANA.EXISTIU SEMPRE AQUELE FASCÍNIO INDEFINIDO NO QUAL NOS DEBRUÇAMOS PONDO QUESTÕES,DEDUZINDO,INVESTIGANDO,CRIANDO CENÁRIOS.


O INTERESSE PODE ESTAR NO MODO COMO NOS COMPORTAMOS,O BLUFF,AS AMEAÇAS,O MEDO,JOGAR,JOGAR SEMPRE.
E O HOMEM FOI AO LONGO DOS TEMPOS,DESLIZANDO NUMA AREIA MOVEDIÇA VESTIDA DE UM ENREDO CADA VEZ MAIS ELABORADO E COMPLEXO,COMEÇOU A INVENTAR HISTÓRIAS QUE FALAM DE PESSOAS QUE SE ESVAIEM EM SANGUE E DEIXAM PISTAS,SINAIS...
Capas & CompanhiaO HOMEM NÃO SE DEU POR SATISFEITO E REPETIU A RECEITA ,INSPIRADO NA REALIDADE ASSUSTADORA,ÁS VEZES SINISTRA.MAS VALORIZOU O ASPECTO ARTÍSTICO,O PAPEL DO PERSONAGEM,ENRIQUECIDO POR EXPRESSÕES E GESTOS NEM SEMPRE ESTEREOTIPADOS EM FILMES E EM LIVROS.DOU-ME CONTA DE UM UNIVERSO QUE ME PRENDE E ME ENLEVA E ME TRANSPORTA PARA OUTRAS FORMAS DE VIVER.E SE A OBRA É PLENA DE MISTÉRIO E NOS INJECTA LITROS DE CURIOSIDADE,ENTÃO,FELIZMENTE NÃO ´E ´SO O GATO QUE MORRE.

ESTÓRIAS COM IMAGEM,

#moonnorwegian wood, haruki murakami.Tokio Blues, Haruki Murakami.

QUEM TERÁ DITO"UM LIVRO É UM ESPELHO DE QUEM LÊ ESSE MESMO LIVRO"?


excerto breve da obra(em espanhol)

1
Yo entonces tenía treinta y siete años y me encontraba a
bordo de un Boeing 747. El gigantesco avión había iniciado
el descenso atravesando unos espesos nubarrones y ahora se
disponía a aterrizar en el aeropuerto de Hamburgo. La fría
lluvia de noviembre teñía la tierra de gris y hacía que los
mecánicos cubiertos con recios impermeables, las bande-
ras
que se erguían sobre los bajos edificios del aeropuerto,
las vallas que anunciaban los BMW, todo, se asemejara al
fondo de una melancólica pintura de la escuela flamenca.
«¡Vaya! ¡Otra vez en Alemania!», pensé.
Tras completarse el aterrizaje, se apagaron las señales de
«Prohibido fumar» y por los altavoces del techo empezó a
sonar una música ambiental. Era una interpretación ramplo-
na de
Norwegian Wood
de los Beatles. La melodía me conmo-
vió, como siempre. No. En realidad, me turbó; me produjo
una emoción mucho más violenta que de costumbre.
Para que no me estallara la cabeza, me encorvé, me cu-
brí la cara con las manos y permanecí inmóvil. Al poco se
acercó a mí una azafata alemana y me preguntó si me en-
contraba mal. Le respondí que no, que se trataba de un li-
gero mareo.
–¿Seguro que está usted bien?
–Sí, gracias –dije.
La azafata me sonrió y se fue. La música cambió a una
melodía de Billy Joel. Alcé la cabeza, contemplé las nubes
oscuras que cubrían el Mar del Norte, pensé en la infinidad


de cosas que había perdido en el curso de mi vida. Pensé
en el tiempo perdido, en las personas que habían muerto, en
las que me habían abandonado, en los sentimientos que ja-
más volverían.
Seguí pensando en aquel prado hasta que el avión se de-
tuvo y los pasajeros se desabrocharon los cinturones y em-
pezaron a sacar sus bolsas y chaquetas de los portaequi-
pajes. Olí la hierba, sentí el viento en la piel, oí el canto de
los pájaros. Corría el otoño de 1969, y yo estaba a punto
de cumplir veinte años.
Volvió a acercarse la misma azafata de antes, que se sen-
tó a mi lado y me preguntó si me encontraba mejor.
–Estoy bien, gracias. De pronto me he sentido triste. Es
sólo eso –dije, y sonreí.
–También a mí me sucede a veces. Le comprendo muy
bien –contestó ella. Irguió la cabeza, se levantó del asiento
y me regaló una sonrisa resplandeciente–. Le deseo un buen
viaje.
Auf Wiedersehen!

Auf Wiedersehen!
–repetí.
Incluso ahora, dieciocho años después, recuerdo aquel
prado en sus pequeños detalles. Recuerdo el verde profun-
do y brillante de las laderas de la montaña, donde una lluvia
fina y pertinaz barría el polvo acumulado durante el verano.
Recuerdo las espigas de
susuki
* balanceándose al compás del
viento de octubre, las nubes largas y estrechas coronando las
cimas azules, como congeladas, de las montañas. El cielo es-
taba tan alto que si alguien lo miraba fijamente le dolían los
ojos. El viento que silbaba en aquel prado agitaba suavemen-
te sus ca
bellos, atravesaba el bosque.

POESIAS UNIVERSAIS:PABLO NERUDA

Pablo Neruda
Saudade Saudade - O que será... não sei... procurei sabê-lo
em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido
desta doce palavra de perfis ambíguos.

Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.

Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.

Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado
desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade...

Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage
Tema(s): Saudade  Ler outros poemas de Pablo Neruda 

ESTÓRIAS COM IMAGEM

ESTÓRIAS COM IMAGEM


____ come, walk with me into the autumn rain __ image by by ©stephen carroll

MOMENTOS DE LEITURA

Rudolf Dührkoop, Gertrude und Ursula Falke (1906)1908 girl reading a bookBaudelaire by Étienne Carjat - 1863Japanese Woman reading a Book 1920s


VEJO QUE ESTÃO A LER LIVROS DIFERENTES.PODE SER UMA OBRA DE BAUDELAIRE OU MISHIMA OU MANN.
HÁ UMA INQUIETAÇÃO COMUM:DELICIAM-SE
VIVEM


DECIDI LER UM POUCO PORQUE A VIDA É UMA ONDA

O Desejo de Pintar
XXXVI

O DESEJO DE PINTAR

Infeliz, talvez, seja o homem, mas feliz é o artista a quem o desejo dilacera!
Fico louco de vontade de pintar aquela que me aparece tão raramente e foge tão depressa quanto uma coisa bela, inesquecível, atrás do viajante levado pela noite. E já faz tempo que ela desapareceu!
Ela é bela e, mais que bela, é surpreendente. Nela o negror é abundante: e tudo o que ela inspira é noturno e profundo. Seus olhos são duas cavernas onde cintila, vagamente, o mistério, e seu olhar ilumina como um relâmpago; é uma explosão nas trevas.
Eu a Compararia a um sol negro, se se pudesse conceber um astro negro vertendo luz e felicidade. Mas ela faz mais facilmente pensar na lua, que, sem dúvida, a marcou com sua terrível influência; não a lua branca dos idílios, que parece uma fria noiva, mas a lua sinistra e embriagada, suspensa ao fundo duma noite tempestuosa, empurrada pelas nuvens que correm; não a lua pacífica e discreta que visita o sono dos homens puros; mas a lua arrancada do céu, vencida e revoltada, que as Feiticeiras tessalianas constrangem duramente a dançar sobre a relva aterrorizada!
Em sua pequena fronte habitam a tenaz vontade e o amor à presa. Entretanto, sob esse aspecto inquietante, onde as narinas móveis aspiram o desconhecido e o impossível, brilha, com inexprimível graça, o riso de uma grande boca vermelha e branca e deliciosa que faz sonhar o milagre de uma soberba flor que desabrocha em um terreno vulcânico.
Há mulheres que inspiram o desejo de vencê-las e de divertir-se com elas, mas essa dá vontade de morrer lentamente sob seu olhar.

POESIAS DE CÁ


Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só
Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
Fernando Pessoa
Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde ela me levará, porque não sei nada.
(I think of life as an inn where I have to stay until the abyss coach arrives. I don’t know where it will take me, for I know nothing.)
Fernando Pessoa, The Book of Disquiet

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

POESIAS DE CÁ:PESSOA




Esta Espécie de Loucura

Esta espécie de loucura
Que é pouco chamar talento
E que brilha em mim, na escura
Confusão do pensamento,

Não me traz felicidade;
Porque, enfim, sempre haverá
Sol ou sombra na cidade.
Mas em mim não sei o que há

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

RECORDANDO

"lembrei-me de ti,perdida na escadaria negra,na cortina inundada de sépia,olhando para mim com um sorriso de mármore.



Mas o teu corpo era uma erupção líquida de estrelas na profundidade daquela noite.





quarta-feira, 17 de setembro de 2014

cartas de marie eau d´alac

CARTAS DE MARIE EAU D´ALAC QUERIDO AMIGO,IRMÃO,PAI Esta é a minha terceira carta.Mandei as duas primeiras onde falava de mim mesma e de assuntos relacionados com a natureza do meu nascimento e de tudo aquilo que eu queria saber dado que não chegaste a esclarecer os propósitos da minha criação e da minha transformação.Sou hoje uma mulher adulta, responsável, fiel aos meus ideais, fiel á minha missão. Mas permanecem dentro de mim,dúvidas, que pretendo apagar, porque tornam-se um peso insuportável.O que disseste de mim?Que tiveste há um tempo atrás,um sonho, que tudo começou a partir de um sonho, que precisavas dividir-te em diferentes personagens porque era tua vontade ultrapassar um desafio importante em toda a tua vida, criares outros eus, inventares pessoas distintas de ti como autor, fazeres de nós outros tantos seres com um rosto e um corpo alheios, separados de ti.Criaste o Schuman ,deste uma vida própria,um tempo e um espaço fora da tua realidade, vestiste o Schuman de aventureiro intrépido, corajoso.Algo frio e por vezes, amargo e ao mesmo tempo, uma figura terna e apaixonada.Por certo terás retirado de ti mesmo, algumas das características que são a sua identidade.E depois pegas neste personagem e colocas um cenário de ficção, fazes ele viajar no futuro como tradutor de línguas alienígenas, como representante da Terra nas “Galáxias Unidas”.Fazes o Schuman percorrer uma estrada sem retorno, ao longo do universo, para além do desconhecido, tudo em busca de um livro.O curioso é aquilo que não dizes, aquilo que ele sente quando lhe determinas esse destino.Não se adivinha uma só queixa, ele parece estar disposto a essa empresa, arriscando a pele a qualquer momento, perdendo o norte e a própria vida num planeta obscuro, eliminado por uma arma ou paralizado por uma bateria num recanto perdido no nenhures dentro da imensidão incomensurável.Ele parece gostar do papel que representa e assume o risco, com uma subtil vaidade. Depois inventaste outro ser.Eu.Com uma configuração análoga, aparentemente desprovida de ti mesmo, já que deste a entender que sou, além de personagem, um heterónimo.Adivinho o prazer que sentiste, que te inundou física e espiritualmente, ao inventares o teu primeiro heterónimo, definires a partir de uma boneca de porcelana, um eu tão impossivelmente quase real, quase outro ser humano.Admito com uma certa admiração, a jogada inteligente, para conseguir explicar como me torno um ser de carne e osso, um ser humano que, sabemos ambos, não sou.Falo das Pedras mágicas, provenientes de Zaaar(um mundo que inventaste).Elas são o instrumento da minha transformação.Dás a essas pedras o poder de reconstituir um conjunto de células e átomos e um complexo de ADN, inseridos num objecto inerte, um organismo isento de vida num ser vivo, inteligente, com memória, com reflexos, com emoções.EU.Acredito que foi e ainda é, um desafio brutal, quase metafísico da tua parte congeminares a minha saída para a luz do dia.Fazes com que eu nasça em Paris, numa data imprecisa(este pormenor, devias desenvolver e o lugar onde nasci é uma lacuna imperdoável)e dás a mim mesma um corpo de mulher aí pelos vintes, a chegar aos trinta, cabelos escuros, uma cara redonda, olhos de um castanho vandyke, um corpo atirado para o forte, sem indícios de gordura.Programaste(ou introduziste)uma mulher culta, afável, de gestos suaves e andar elegante e donde vem tudo isso senão de ti mesmo ou da soma de coisas que quiseste minhas a partir de traços, vestígios de todas as mulheres que conheceste na tua vida?Ou, posso atrever-me, de algumas personagens reais, que te dizem qualquer coisa ou que te fascinam, uma voz(a voz da Ingrid Bergman), um certo jeito no olhar as pessoas(talvez alguém que amas ou já amaste), a forma do queixo…E porque me deste este nome, MARIE EAU D´ALAC?A conotação é implícita? O facto de teres feito que eu nascesse em Paris é suficiente?ou isso tem a ver com alguma ilusão a que te prendes, de um filme, um diálogo num livro que ficou marcado na memória, ou uma sequência de movimentos num passado distante?se calhar foi tudo isto junto, um somatório de experiências vividas e outras que terás desejado viver.Peço desculpa o alongar da minha missiva, era importante, vital, fazer esta introdução, é que preciso que tires um peso de mim, que não tem a ver comigo, é sobre a Yasmin.Desejo que compreendas aquilo que vem perturbando o meu descanso, a minha alma dói.Ela está longe.Incumbiste o grupo naquela missão dantesca, fatal,na busca de um livro.Para servir de pretexto no enredo do teu próprio livro.Creio que a Yasmin levará um certo tempo a perdoar-te.A ela já era difícil suportar a dúvida , porque era apenas uma boneca de porcelana como eu, ainda por cima não lhe dás tempo para se conhecer e envias um ser frágil, consciente contudo frágil, numa missão hostil, duvidosa e destruidora.Sim,porque até nem tu tinhas a certeza do desfecho.Era uma questão de ir vogando ao sabor da imaginação.Faltavam determinados elementos de consulta, escasseavam as bases com as quais se determina uma narração coerente, simples, genuína.Por exemplo, eles chegam a um sistema solar na periferia de uma galáxia a 80 anos-luz , distante da via láctea.Onde fica essa galáxia,em que quadrante do céu? Quais as características do planeta?a sua amplitude, a constituição geológica?Há pormenores a que um escritor não pode fugir.Embora isto seja tudo teu, deves ter cuidado.Devias proteger os personagens e encaixá-los numa história concisa e mais humana.Não é só a aventura, o enredo, tens de trabalhar o factor humano.Perdoa-me este desabafo de “filha”.Aceitarás as minhas críticas como decerto aceitas todo o meu carinho e admiração.Portanto , tendo dito isto, vamos ao que interessa.Saí de Roma há cinco dias.Viajei na minha bolha do tempo e quero saber onde se encontra a minha irmã.Sei que é pedir-te demais, mas preciso absolutamente revê-la, conversarmos e conhecer melhor aquilo que destinaste á yasmin, tanto em personalidade como no rumo da vida.Estarás disposto a alterar os capítulos finais, afim de sairmos vivas, inteiras e porventuras felizes?Ou já desenhaste um futuro sombrio, indefinido e triste para cada uma de nós?é que ainda falta falar da nossa AKIKO.Por agora me despeço não sem acrescentar, que tomo-me nas tuas mãos e no teu coração.
Tua sempre MARIE P.S.Tenho outra coisa.gostava que me enviasses,se tal for possível,uma gravação da deutsch gramophone da peça do Mahler:das liede von der erde,que eu aprecio e me ajuda a relaxar.aqui em Praga(1865),não é possível encontrar.Percebes a razão.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

UM POUCO DE MIM


Encontrei um livro na estante que nunca tinha lido.parece-me estranho nunca ter reparado que esse livro existia.tinha uma capa de pele e cheirava a muito antigo.de um tempo em que os homens eram ainda muito novos na terra.mas já faziam perguntas olhando para o céu.este livro tem histórias vivas.confesso-me ainda algo incapaz de traduzir os textos,não porque desconhecia a língua ,mas pela magia inata que o manuscrito insinuava aos meus sentidos.sublinho manuscrito dada a sua apresentação.todas as folhas "ardiam" quando lia as palavras.

SOU

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LIVROS QUE ANDEI A LER


Numero: 213
Titulo: À beira do abismo
Autor: Raymond Chandler
Titulo Original: The big sleep
Tradutor: Fernanda Pinto Rodrigues
Capa: Lima de Freitas

"Eram cerca das onze horas de uma manhã sem sol de meados de Outubro, com prenúncios de chuva forte na claridade das encostas dos montes. De fato azul-esmalte, camisa, gravata e lenço de bolso azuis-escuros, sapatos pretos e peúgas de lã da mesma cor, com pinhas azuis-escuras, era, da cabeça aos pés, o que deve ser um detective particular bem vestido. Apresentava-se aperaltado, limpo, barbeado de fresco e sóbrio, e não se importava que o soubessem. Fazia uma visita a quatro milhões..."

sábado, 13 de setembro de 2014

A MINHA BOLHA DO TEMPO

 
QUANDO INGRID...
PODIA SER EU MUDANDO DE CORPO
MUDANDO TODO
LARGANDO -ME NUM CHARCO ONDE SE LÊ O ARCO-IRIS
PODIA SER UM CORAÇÃO DE COLIBRI DENTRO DO MEU LIVRO
ONDE SÓ SE FALA DE TEMPO,ASAS,GEMIDOS DE PORCELANA,DESEJO.

MEMÓRIAS

Imagemis & os meus irmãos íamos á prImagemeu devia ter uns 4 ou 5 aninhos.os meus paaia do molhe leste em peniche.a minha avó fazia a merenda.nós saltávamos as dunas(ainda havia areia suficiente),o miguel e eu,a tarde toda.a água era fria,mas isso não era problema.em casa do avô,um ambiente muito vivo,muita gente á mesa,outros iam e vinham.o joão maria preparava doces.o nuno escutava os beatles...
Memórias da boneca



Eu sou akiko.apenas akiko.

Sou filha das flores que nascem nas montanhas frias.eu sou akiko
E tenho uma história.é assim:nasci boneca e serei boneca até morrer um dia.
Ou ser abandonada numa lixeira da cidade.e posso não morrer e uma criança pobre
Pegar naqulo que resta de mim e levar-me para casa.sou akiko da esperança renascida.
Mas o  meu corpo é frio,o meu  coração está frio.fui desprezada e ferida regressei á região do nada.
Uma bolha com um céu sem estrelas onde rodopiei toda a minha infância.e tornei-me assim boneca de gelo.
Nada me assusta e já nada me  magoa.sou akiko das tempestades .os meus olhos são como espadas de lâmina aguçada
De dois gumes,lanço ódio e palavras agrestes aos desistentes aos conformados e a quem não ousa sonhar.sou akiko dos sonhos.
O meu silencio pesa nas salas onde os homens rezam em nome da mentira e da inveja.
E quando grito as janelas explodem em mil pedaços e o medo abala e desmorona a harmonia falsa.eu sou akiko a guerreira.fiz-me assim depois
Do que me fizeram.tanto mal em figuras tão pequenas.humilhada,pisada,desmenbrada,violentada até o mais intimo de mim mesma.
Sou akiko a vingadora.no entanto poderei mudar.posso acreditar que um dia me segurem com carinho e me cantem uma balada
Até eu adormecer numa quietude serena,suave e perfumada.e eu possa descansar e largar este peso que me marca e atormenta.como uma flor a nascer entre as pedras
Sujas,mortas de uma rua morta de uma cidade deserta.sou akiko da esperança renascida.Dandelion Seed Blowing Away Photographic Print





Olhaste para mim.sorriste .disseste coisas doces.deixei-me levar no teu convite.
Fomos juntas até um jardim cheio de pessegueiros em flor com o branco da neve a colorir a ponte e o rio.a escutar os  melros
E as pombas.fomos juntas para casa quando a lua beijava as torres de pedra do palácio da princesa em tons de violeta e arroz.
A tua voz transportava-me a um mundo encantado e sentia-me segura nos teus braços de menina enlevada e sonhadora.quiz que estes momentos mágicos de criança e boneca perdurassem num tempo sem fim.uma felicidade feliz e cúmplice.guardarei sempre a tua imagem inocente no meu coração.a tua ternura os teus cuidados,
O teu amor.     

MUSEU DA BONECA:Winslow Homer

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SENTI IR-ME DAQUI ATÉ LUGARES ONDE AS CORES NÃO TÊM NOME E AS PALAVRAS SABEM A SAL E ONDAS