quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

POEMA DA MARTA

NO MEU DIA,ALGUNS AMIGOS FIZERAM QUESTÃO DE LEMBRAR
ALGO QUE É SIGNIFICATIVO
O DIA EM QUE NASCEMOS FISICAMENTE NESTE MUNDO
FIZERAM-NO DE VÁRIAS MANEIRAS,UMAS SIMPLES & BREVES
OUTRAS DE UM MODO QUE NOS TOCA DE FORMA PROFUNDA.
EU SENDO UM PÁSSARO ACESO,GUARDEI EM GESTO CUMPLICE,AS PALAVRAS DE UMA AMIGA QUE PRETENDO CONTINUE ASSIM,A FLUIR NAS PALAVRAS.
PORQUE GOSTO & SINTO

DESEJO

por Marta Maria Vinhais a Quinta-feira, 10 de Janeiro de 2013 às 19:44 ·
Esta noite,
              quero perder-me na tua voz
  libertar nela
            o prazer do meu corpo,
acolher-te em mim... 

Esta noite,
             quero sentir o beijo
  das tuas palavras
            na minha pele,
espreguiçar-me no teu desejo... 

           Intensamente........

POEMA DE MINHA AUTORIA, ESCRITO HOJE 10 DE JANEIRO 2013
DIREITOS DE AUTOR RESERVADOS



DA PÁGINA OPEN ART GROUP

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

CARTAS DE MARIE EAU D´ALAC

MEU QUERIDO AMIGO,IRMÃO,PAI

HOJE DEIXO TUDO EM BRANCO.LEVARIA ANOS A CONTAR-TE AS NOVIDADES.FICA SABENDO QUE JÁ ME MUDEI PARA UM HOTEL AQUI EM ROMA.QUIS ASSISTIR A UMA ESTREIA DUM FILME.DEPOIS FALAREI MAIS ADIANTE.A MINHA BOLHA DO TEMPO TEM FUNCIONADO RELATIVAMENTE BEM.EU É QUE SOFRI HÁ DIAS UMA  DESCONFIGURAÇÃO DE MATÉRIA..NÃO ME SENTI IMUNE A UMA LEVE CONSTIPAÇÃO.OS ARES DAQUI ESTÃO CARREGADOS DE PÓLENES E  FOI AFLITA QUE TIVE DE REGRESSAR AO APARTAMENTO PORQUE SE CAÍSSE NA RUA,IAM VER UM CONJUNTO DE PEDAÇOS DE PORCELANA.ESCAPEI POR UM TRIZ .ESTAMOS EM JANEIRO E É UM FRIO DE RACHAR.LEMBRA-ME O FRIO DAQUELE MUNDO NAS PROXIMIDADES DE RIGEL.MAS ALI ESTÁVAMOS PRECAVIDOS.
OLHA,ESTA MISSIVA É UMA SURPRESA,PORQUE LANCEI-ME EM LOUCURAS DE ESCREVER.O TEU "BICHINHO" DO LIVRO MEXEU COMIGO.LEVEI ALGUNS ,MAS RESOLVI TB EU CRIAR QUALQUER COISA E SAIU-ME ALGO DE CURIOSO.AO INVÉS DE TI,O PERSONAGEM PARECE SER DO SEXO MASCULINO.ACHO MARAVILHOSO O ACTO DE ESCREVER,E A MAGIA ACONTECEU PELA ESPONTANEIDADE DO GESTO.TUDO Á LA PRIMA,SEM ESBOÇOS E COM UMA CANETA QUE ME FUGIA LITERALMENTE DOS DEDOS.VOU DESEJAR QUE ME DIGAS QUALQUER COISA.AS CRITICAS SÃO BENVINDAS.E PRONTO LÁ VAI.CHAMA-SE MEMÓRIAS DE UM MANEQUIM DE MONTRA BEM PARECIDO.
HOPE YOU LIKE IT.



TUA ETERNAMENTE
FIHA,IRMÃ,AMGA                             MARIE




COLOCARAM-ME NESTA MONTRA HÁ UNS MESES ATRÁS.TEM UMA VISTA DA RUA TODA.
PASSAM CARROS A TODA A HORA.CONSIGO VER O CÉU E OS EDIFÍCIOS QUE BEIJAM AS NUVENS.
PASSAM TB CRIANÇAS E MULHERES E TODA A ESPÉCIE DE GENTE.DE TODAS AS CORES E FEITIOS.HUMANOS.
EU NÃO SOU.POR ACASO PERGUNTO SEMPRE QUEM SOU,OU O QUE SEREI EU,SENÃO UM MERO MANEQUIM DE MONTRA,
DE UMA CIDADE INDEFINIDA.PODIA SER NEW YORK.BEJA NÃO É.NÃO TEM ARRANHA-CÉUS.PODIA SER PRAGA OU MOSCOVO.HELSINQUIA NÃO ME PARECE,FAZ UM CALOR IMPOSSÍVEL DENTRO DA LOJA E FORA DELA ,AS PESSOAS ANDAM DE CALÇÕES E T-SHIRT,CALÇAM SANDÁLIAS E ALGUMAS TRAZEM TOALHAS E CHAPÉUS DE SOL.PORTANTO DEVE EXISTIR UMA PRAIA ,PORTANTO VOU EXCLUIR PARIS,LONDRES,BERLIM...
COLOCARAM-ME NESTA MONTRA E VESTIRAM-ME PEÇAS ELEGANTES.UMAS CALÇAS DE FINO CORTE,USO UMA CAMISA E UM COLETE,TENHO UMA GRAVATA CARA E DE BOM GÔSTO.E UM SOBRETUDO.TUDO DE MARCA.FICAM-ME BEM.NÃO DEI POE ME VESTIREM.REPAREI SÓ DEPOIS QUE DESPERTEI PARA A VIDA.VIDA?
O QUE SIGNIFICA VIDA PARA UM MANEQUIM?TENHO PENSAMENTOS,SIM,E DEPOIS?SERÁ SUFICIENTE'NÃO POSSO MOVER-ME,NÃO ME É PERMITIDO FALAR,OU RIR-ME OU CHORAR.TENHO DE CONFORMAR-ME COM ESTA INÉRCIA LETAL,VENENOSA,PRÓPRIA DE QUEM EXISTE APENAS COM O PROPÓSITO DE MOSTRAR ROUPA,DE SER AVALIADO MINUCIOSAMENTE,E,ADMITO,COM UM LAIVO DE INVEJA.EXISTO PARA SER VISTO E NADA MAIS.E NÃO É A MIM QUE OBSERVAM,É ÁS DITAS PEÇAS DE ROUPA.UM MANEQUIM NU,QUE INTERESSE TERIA A QUEM PASSA NA LOJA?
MAS EU TENHO PENSAMENTOS,E OBSERVO,JULGO,SINTO COISAS.NÃO POSSO TOCAR NELAS,NÃO POSSO FALAR COM AS PESSOAS.AGRADAM-ME POR VEZES REFLEXÕES QUE VÊM Á TONA QUANDO ME PONHO A OLHAR PARA ELES.E SE ADIVINHASSEM?
E SE LHES ENTRASSE NA CABEÇA QUE EU TB ESTAVA A OBSERVAR E A AVALIAR E A SENTIR OS MOVIMENTOS DOS OUTROS,DOS REALMENTE VIVOS?
EU TENHO ALGUMAS DÚVIDAS SÔBRE AQUILO QUE SOU.POR QUE CARGA DE ÁGUA SE LEMBRARAM DE INVENTAR UM MANEQUIM PENSANTE?
SÓ AUMENTA A MINHA DOR E O DESESPERO .PORQUE ME LIMITO A QUEDAR-ME QUIETO.E SE DE REPENTE ME SURGE  UMA COMICHÃO NO NARIZ?TORNA-SE QUASE METAFÍSICO ESTE ESTADO EM QUEM ME ENCONTRO.E SURREAL.A BEM VER,ATÉ CONSIGO RACIOCINAR E PERCEBER A LÍNGUA QUE ELES FALAM,CONSIGO DETECTAR NAS EXPRESSÕES,DESEJO,RAIVA,AMOR,TÉDIO,ANSIEDADE,IRONIA,TRISTEZA,FOME,SEDE.
EU SOU UMA FORMA DESENVOLVIDA DE MANEQUIM.MAS ISSO NÃO ME TRAZ ALEGRIA NEM ME DÁ FELICIDADE.POR VEZES EU TROCARIA DE BOM GRADO COM UM CEGO,A UM CEGO POBRE,AS MINHAS ROUPAS SERIAM ÚTEIS.NÃO ME IMPORTARIA DE CORRER NU PELAS RUAS DA CIDADE,EXALTADO E TRANSFORMADO NUMA COISA REAL,BEM VIVA.NÃO,NÃO ME IMPORTAVA QUE ALGUÉM SE APROXIMASSE DE MIM E ME PEDISSE ALGO QUE NÃO TENHO.SERIA O MEU NIRVANA,SERIA O O MEU DESEJO FINAL.DIZER "NÃO,NÃO TENHO".
AGORA PARECE-ME ESTÚPIDO DIVAGAR ACERCA DESTAS COISAS ,DESTAS AMOSTRAS TRAGICÓMICAS DE METAFÍSICA.SE FORMOS A VER,NÃO PASSO DE UM MANEQUIM DE LOJA BEM PARECIDO.
TEREI NOME?E ISSO TERÁ ALGUMA IMPORTÂNCIA.DEVIA SER ENGRAÇADO,IMAGINEM"OLHA O VITOR(FAZ DE CONTA)HOJE VESTIRAM-LHE UMA CAMISOLA DE GOLA ALTA".
BEM,EU PROCURO NESTA ETERNIDADE EM FORMA DE SEMICOMA,VESTIR-ME DE UM CERTO HUMOR,AFINAL DE CONTAS TENHO A OBRIGAÇÃO DE DISTRAIR-ME PARA NÃO TER DE SENTIR O INFERNO DA IMORTALIDADE.NO MEU ESTADO SERIA O SUFICIENTE PARA ANIQUILAR QUALQUER UM.
MAS,ALIVIADO,RETOMO A CALMA DE ESPÍRITO.UM SER HUMANO NUNCA SUPORTARIA ESTA SITUAÇÃO.OUSO ADMITIR QUE TENHO UMA SUPERIORIDADE.SOU APENAS UM BONECO  FABRICADO EM MADEIRA DE QUALIDADE.
PASSA DAS DUAS DA MANHÃ.O NEON,AS LOJAS,TODAS AS RUAS ,ESTÁ TUDO ILUMINADO,NUMA FESTA FALSA,PORQUE A CIDADE ESTÁ DESERTA CÁ FORA,ALGUNS AUTOCARROS PISAM A ESTRADA,ABORRECIDOS E VAZIOS.É COMO LAS VEGAS SE FOSSE CONSTRUIDA EM CIMA DE UM CEMITÉRIO.VOU FINGIR QUE DURMO.MAS ESTOU ATENTO AOS EPISÓDIOS DA NOITE,AOS MISTÉRIOS E AOS SEGREDOS DA NOITE.PENA É QUE NÃO PODEREI SENÃO OBSERVAR.SOU UM VOYEUR SEM LIVRE ARBITRIO,DESASSOSSEGADO E MUITO IMÓVEL.
      ASSINADO:MANEQUIM DE MONTRA BEM PARECIDO

P.S:TENCIONO MANDAR-TE ALGUNS POEMAS QUE A AKIKO DEIXOU SEM QUERER NA NAVE ANTES DE SAÍRMOS DA NUVEM DE MAGALHÃES.















sábado, 5 de janeiro de 2013

O QUE EU GUARDO:vernon sullivan em filme


Le frère métis d'un jeune Noir de 18 ans qui a été lynché par la foule cherche à le venger.

Ce film inspiré du roman Boris Vian qui fit scandale et déchaîna les passions en 1959 ressort aujourd'hui sur les écrans. Il peint avec réalisme et émotion la difficulté d'aimer pour un couple mixte dans l'Amérique de l'époque, puritaine, intolérante et raciste. 
Ce film a certes mal vieilli. Mais il ne faut as oublié qu'à l'époque de sa sortie, il fit scandale par ses propos et ses scènes osées pour l'époque. Je crois qu'il est donc intéressant de voir à travers ce film comment non seulement le cinéma français à évolué mais également les mœurs de notre société: désormais plus rien de ce qui choqua à l'époque nous surprend aujourd'hui. Mention spéciale à la lumière du film, à la musique et à Michel Gast, dont les débats qui suivirent les projections au cinéma St Michel furent passionnants. 

Por qué soy un mal tipo

03 NOV 2010 19:57
Soy Vernon Sullivan, un negro nacido en Oklahoma. Mi madre era medio puta. Me crié en una granja de cerdos de la que me fugue con 16 años. La gente me conoce por ser el autor de cuatro novelas de cierto éxito.
No me gusta hablar mucho de mí. Soy aficionado al baseball y al bourbon, pero lo que me pierden son las faldas. Nunca he podido sentar cabeza ni falta que hace.
Quise ser boxeador, pero me noquearon en el segundo asalto de mi primer combate. Me alisté en un buque que transportaba maíz a Europa y luego me he ganado la vida como marinero. De Baltimore a Yokohama, he navegado sin rumbo por todos los mares.
Soy, pues, un vagabundo con pretensiones literarias. Tal vez lo único que se me da bien es escribir. Una tía abuela me prestó un libro de Melville cuando era niño y ya nunca he dejado de leer. La misma obsesión del capitán Achab por la ballena la siento por los personajes de algunos libros que aparecen en mis sueños.
Marlowe, Spade, Archer, el agente de la Continental me parecen tan reales  como Truman, Rocky Marciano o Joe di Maggio. Hace poco he visto una película, 'El sueño eterno', en la que Humphrey Bogart encarna el papel de Marlowe. Desde entonces, cuando pienso en Marlowe veo a Bogart con una cigarrillo en la boca y un sombrero de fieltro gris.
Ahora que lo pienso, mi vida se parece mucho a la de Marlowe, un ser solitario, cínico y mal encarado al igual que yo. Pero el personaje de Raymond Chandler tenía unos buenos sentimientos de lo que carezco.
Lo que más me gusta de Marlowe es que jamás se encogía ante los poderosos ni se arrodillaba para ganar un billete de 50 dólares. El jodido era un chulo que prefería que le partiesen la cabeza antes que humillarse.
Yo he sentido lo mismo en las peleas a puñetazos a bordo de los barcos o cuando un gilipollas se pasaba conmigo en los muelles de algún puerto de mala muerte. Muchas veces he salido con moratones o alguna costilla rota, pero siempre he luchado hasta el final.
Esos son los personajes de los que yo hablo en mis novelas: perdedores que combaten contra sí mismos. Los hombres de los que yo escribo no son héroes aunque luchen contra la corrupción sino estúpidos narcisistas que no se dejan comprar por el dinero o el poder.
Por eso, me gusta tanto Marlowe, anque no entiendo como deja escapar a tantas mujeres y luego se lía con su secretaria de toda la vida. Yo nunca he dejado pasar una oportunidad de beber un buen trago o de acostarme con una mujer. Son las dos únicas cosas por las que soy capaz de mover el culo.
Bueno, basta ya de chalatanería. Fernando Baeta no me paga para perder el tiempo sino para escribir de novela negra. Eso es lo que voy a hacer de ahora en adelante. Puto oficio éste de escribir de la competencia.
Yo, que he tenido problemas con la censura y que he escandalizado con mis libros a muchos hipócritas, prometo que voy a tocar los cojones desde aquí a muchos imbéciles que se creen genios. Eso es lo que hace casi siempre Marlowe, ¿no?

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

THE BEAT GENERATION DAYS


23 October (1955): William S. Burroughs to Allen Ginsberg & Jack Kerouac

"Today’s walk was different. More incident, less revelation. Actual fight in another café. Minor fracas. Hitting each other with their heavy rubber-soled sandals. No knives, no broken glasses, no blood. Nothing tasty."

http://theamericanreader.com/23-october-1955-william-s-burroughs-to-allen-ginsberg-jack-kerouac/
http://theamericanreader.com/23-october-1955-william-s-burroughs-to-allen-ginsberg-jack-kerouac/

" Camera Eye ": Mind Games

" Camera Eye ": Mind Games 
I LOVED THIS.AS ALL YOUR ARTWORK

CARTAS DE MARIE EAU D´ALAC



Cartas de Marie Eau D´alac
            Querido amigo,irmão,pai
Porque não respondes ás minhas cartas?Enviei de Moscovo,Roma,Viena,Londres.
Deixei mensagens no voicemail sempre que regressava ao presente.Vinha cansada mas feliz,cheia de novidades para te contar.As minhas viagens foram bem sucedidas.
Não houve qualquer sinal de desintegração de matéria,ou problemas no ajustamento da programação .Continuo vivendo uma vida normalíssima,comprando roupas bonitas,passando horas embriagada dentro de boutiques finas ou assistindo a acontecimentos inesquecíveis,deslumbrantes,os verdadeiros momentos nos grandes teatros.Marcou-me sobremaneira a estreia da Sara Bernardt.Ou vivendo experiências únicas que só a ti posso confessar:os últimos momentos de Mozart,eu a testemunhar os ensaios do filme do Fellini,a famosa  cena da Fonte di Trevi com a Anita Ekberg e a cena do gatinho sobre a cabeça dela…
Porque não me repondeste ainda?Tinha e ainda tenho tanto a dizer-te.As minhas impressões ,os meus receios,a vontade de partilhar algumas das minhas sensações mais reais e tb as íntimas,sim,porque donde vim eu?conheces esta mulher como se fosse tua filha(e não o serei mesmo?),não existem segredos.ah,um existe.poderei partilhar ou não.é parte de mim que não deverá pertencer a homem algum,nem mesmo ao próprio criador.E,Aqui gostaria de repetir o que confessei na missiva escrita á pressa entre duas estações de metro,enregelada até aos ossos,foi algo de estranho,em saindo ali perto de Westminster,e a aperceber-me de uma silhueta familiar,sentada num banco de jardim,alimentando um conjunto de rolas.era alguém que eu reconhecia de um tempo ido do passado,uma figura trajada á moda dos anos 90 do século vinte.mas ninguém parecia reparar.uma figura de uma idade respeitável.e ao seu lado estavas tu.
Tentei não interferir nesse instante mágico.devia ser um flash colocado por alguém que ,por razões que desconheço,tinha facilidade em transportar cenários completos de outra realidade,de outro vector temporal.Mas senti que fora “mexido” para eu ver,para eu sentir e questionar.Estou a falar nisto sem deixar de mencionar o caso acontecido com a minha irmã Akiko,na semana passada.Ela não reagiu muito bem á coisa.aquilo tocou nela de uma maneira profunda e resultou daí uma raiva imensa contra quem se lembrou de oferecer o fenómeno.E sabes o quanto ela é de sensível.E não foi de grande ajuda teres programado cinturão negro de ken-do a uma miúda tão induzível e imprevisível.A Akiko lembrou-me logo a personagem vivida pela Umma Thurman no Kill Bill do Tarantino,naquela cena em que elimina uma multidão de “mauzinhos da fita” dentro do restaurante.isto por causa do flash que lhe deram a ver,que tinha a ver com algo muito importante da vida dela.Porque ela não creio ter-te perdoado a sua “invenção”.Ela tinha sido uma boneca toda desfeita debaixo das radiações de Nagasaki,no ano de 45.e a criança que a segurava,tinha os dedinhos presos na mão dela.e querendo salvar a boneca,separaram-na da criança.A Akiko contou-me os pesadelos tidos constantemente a partir do dia em que a reconstituíram e depois do seu despertar,a visão da menina apagada em brasa,em cinzas,num muro na cidade destruída.E eu pergunto:terá valido a pena?Até compreendo a vossa intenção.era algo de bom.Mas falhou qualquer coisa.
Não me alongo mais e desejando uma vez mais um pequeno sinal que seja de ti,despeço-me em acordes de sorriso e amor.Vou descansar o meu corpo de porcelana nas praias de Cannes e vou ver se descubro lá a Brigitte Bardot ou o Belmondo ou o Delon.UM GRANDE BEIJO DE APREÇO com a viva eterna esperança de nos revermos em breve.  
TUA                                                    Marie

p.s se puderes manda-me originais do Strauss (pai).aqui onde estou ainda não se inventou o cd.e sei que a Deutsch gramophone possui umas gravações excelentes,para deleite de verdadeiros apreciadores.mas não há comparação possível com a realidade de assistir ao momento do próprio  compositor a dirijir a orquestra.é algo que não irei esquecer.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

J.L. BORGES Poemas (lista de reprodução)

LER É VIVER

O COLIBRI ALBINO











o  colibri albino



entrei no elevador. Daqueles antigos que andam e saltam.todo em ferro antigo.estilo arte nova.parece
incrível ainda existirem coisas destas no século 22.
Ela e eu.ninguem mais.até onde? O meu destino era
o 22. andar.observei a rapariga.morena,olhos castanhos,avelã escura.cabelos da mesma tonalidade.tinha um corpo pequeno,elegante.vestia uma saia de cachemira que revelava as linhas da cintura e das ancas.uma blusa-túnica azul e pulseiras.chamou a minha atenção,não pelo facto de ser só ela e eu nesse espaço estreito,mas por causa do perfume.natural,adivinhei.uma fragrância de terra,folhas,um ar de frescura que contrastava com o cheiro a velharia,secura,solidão deste velho elevador.senti-me bem.e senti vontade de estabelecer contacto.porque não? Sou um individuo simpático,singular.a minha figura,creio eu,apesar da idade,é uma figura relativamente atraente.reconheço não ser o ideal para uma rapariga como ela,mas sei,gostando de mim o suficiente,poder atrair.
Tentei ao principio ser discreto,não ser indelicado na forma de observar.o meu único receio era que acontecesse aquilo que,não posso evitar de forma alguma,sempre surge em momentos imprevistos.é hereditário.e vem quando há adrenalina em movimento.adrenalina e libido.porque sim,senti desejo.e a rapariga não fizera qualquer esforço.
Como começar uma conversa?não gosto de clichés.iria tentar uma abordagem original.esperei uma oportunidade natural.sorrirmos ao mesmo tempo,olharmos um para o outro e poderia haver um clic.a sorte favoreceu-me.o elevador sofreu um balanço forte.muito parecido com um sismo.ela foi apanhada desprevenida.teve de equilibrar-se no meu ombro.e eu aproveitei: __acho que sobrevivemos.
O sorriso que ela mostrou levantaria um paralítico da cadeira e fa-lo-ia correr 200 m em trinta segundos.o sorriso dela rasgaria o nevoeiro mais denso,faria nascer rosas no deserto mais seco.senti um nó na garganta igual ao nascimento de uma supernova.não consegui dizer uma palavra.que me fez lembrar aquele sorriso?tinha tudo,simpatia,confiança,pureza e o inverso,uma cumplicidade,sintonia.fiquei quase k.o.
Tinha de conhecer esta rapariga.senti necessidade de entrar no mundo dela.quer houvessem riscos de envolvimento emocional ou não.eu vinha de uma relação complicada.sofri durante alguns meses a perda de uma pessoa que era apenas metade de mim mesmo.sei que mais cedo ou mais tarde teria de ver as coisas em termos de continuar a viver,revalorizar-me.é certo ter feito essa pessoa sofrer.andei sem sair do mesmo lugar.precisava de um novo fôlego.e de repente?uma banal viagem de elevador?
Não iria tropeçar nos erros de antigamente.aprendi com erros,com a dor.e queria voltar a sentir-me vivo.
Portanto aquele sorriso foi uma espécie de sinal.ela ficou a olhar para mim durante uns segundos.será que esperava uma oportunidade de estabelecer contacto?
Que poderia eu dizer agora? Também esperei.queria ouvir a voz dela.e,sim,ela  falou.com os olhos.lançou uma lágrima pequenina.que se transformou em borboleta.branca.
E eu perguntei: _donde vens?
?da terra dos sonhos?.?julguei que sabias quando entrámos no elevador?.
Eu sabia que estava bem acordado e sabia também que estas coisas não acontecem todos os dias.achei que era altura de colorir a realidade.
Aproximei-me.segurei as mãos dela.respirei a essência dela.
_se és sonho não vou querer despertar mais até ao fim dos tempos.
E libertei do meu coração um colibri albino.O colibri albino
2
Éramos um casal com uma idade indefinida.tínhamos vivido á margem do tempo,sem limitações,sem medos.um de nós guardava barcos de papel nos lábios e borboletas no cabelo.o outro largava colibris albinos e uma fragrância subtil,leve ,de violoncelos de seda.éramos muito chegados uma vez que fizemos uma união debaixo do mar,rodeados de búzios,estrelas do mar e alguns seixos com o rosto da eternidade.havia sempre luz nos olhos dela.nos meus encontravam-se gatos a miar á lua,lágrimas silenciosas & segredos felinos,genuínos.
Éramos um e outro amando sem causa nem efeito,magicamente intensos na obra do amor.e por isso,quando chegávamos a um lugar onde não existia cor,logo ela estendia os seus braços pequeninos de boneca de porcelana e nasciam arco-íris nas flores que antes se liam a preto & banco ou cinzento-doentio.eu fascinado,seguia a dança de uma menina-mulher-fada e sentuia-me contagiado pela sua pureza inata e pela capacidade inocente dela em construir sonho a partir do nada.hoje estou sozinho á beira do mar a observar o corpo das ondas,e a escutar o âmbar escondido no movimento da espuma.os dias são agora contados em tristeza profunda,em pedaços de memórias que se desvanecem tal qual um castelo de areia.procuro a voz das gaivotas,o canto das gaivotas é igual ao mármore frio de algumas estrelas.tem uma luz algo mortiça ,efémera e voraz.eu sentei-me na areia encostado a um barco,que não era certamente igual aos que ela guardava nos lábios e sabia ser cada dia um fim dos meus dias e procurei limitar-me a uma existência inerte porque já não tinha razões para ser quem sempre fui:um viajante-caçador de mundos no sonho dos outros e juntava os meus aos deles para sermos mais contra a corrente do rio feito de sombra.aquele rio que corre onde os homens nunca foram crianças.e eu vagueava,nadando com ossos fatigados com olhos desistentes,quase vazios,quase sem cor sobre o manto de areia e molhava os meus pés no tecido líquido do meu próprio lamento.as minhas lágrimas tornavam-se pedra.pedra gelada,agreste,de linhas duras & cortantes,eu era um punhal em praias do meu longe e do meu perto.um velho que deixa de acreditar.um pássaro também,antes aceso febril,alegre,forte e aventureiro e amante de coisas simples.
Ainda não era o fim de tudo.um gatinho enroscou-se insensato e feliz,á roda das minhas pernas.adivinhei uma chama a crepitar ,a brincar com os meus sentidos.esperei um sinal.que não veio.queria supor ser ela a dedescobrir-se,a revelar-de de novo no seio do meu coração vítreo,já um pouco insensível,embora não de todo ausente…tive o maior medo de todos os medos:ir perdendo o rosto dela á medida dos dias passarem atraiçoando a nossa cumplicidade imortal,ir esquecendo,grão a grão,gomo a gomo,o sabor dela em mim.pois aquilo que nós éramos,eu sabia,podia apagar-se de um momento  a outro,as mãos separarem-se,os corpos começarem a falar sem dizer o que sentíamos.e esse medo seria ador das dores,o maior pesadelo que se pode imaginar.não ia deixar as coisas neste fio de pensamentos.teimei em chamar o seu nome,a ela que não precisava de ter nome.ela era e pronto.um ser belo,pleno,inocente,radiante.eu,por meu lado absorvia algo da noite cheia de luar.teimei em chamar a menina com braços de boneca de porcelana e fui vivendo sempre colado a uma parede húmida de dúvidas e receios,isolado dos outros animais.
Mas de vez em quando largava um pequeno,um pouco incandescente,colibri albino,nos lugares onde antes estivemos e por enquanto isto era suficiente.para ainda ir acreditando que existia a criança em mim.   
by JOÃO PAULO CALADO (todos os direitos reservados)

A MINHA BOLHA DO TEMPO:1904 & MAIS ALEM







FOI COMO SE LÁ ESTIVESSE.