domingo, 30 de novembro de 2014

" VIDA .... O LIVRO DE TODOS NÓS"



Provavelmente a nenhum de nós ocorreu, ou pensou que todos somos um livro_________ talvez um livro por "publicar". Nascemos de duas histórias que se encontraram numa estante qualquer,cada um com uma história guardada, e escrita, cumprimentaram-se, trocaram olhares, e entre os dois o amor aconteceu, aconteceu magia e surgiu um romance entre eles. Quiseram juntos escrever mais uma história, que ao fim de algum tempo nasceu branca, sem letras, sem palavras, sem história ainda por escrever, o tempo foi passando e mais histórias nasceram e eram histórias lindas, e as páginas começaram a ser preenchidas, ilustradas, umas a cores, outras a preto e branco, uns dias com sorrisos, outros com lágrimas, mas os capítulos seguiam o seu rumo, caminhavam, voavam, umas mais breves, outras mais longas, conforme tinham sido traçadas nas estrelas, ou conforme os dedos que as escreviam. Nós escrevemos a nossa própria história todos os dias, somos nós que escrevemos o livro, e ele será tão mágico quanto o empenho que nós depositamos nele, e o tempo que lhe dedicamos, a nós e aos outros livros que fazem parte da nossa estante. _ Sim porque todos nós somos escritores do nosso próprio livro, da nossa própria história. Esta história é a nossa "VIDA" E, o meu livro continua a ser escrito, em capítulos, com as mesmas personagens. Escrevam os vossos livros, da melhor maneira, sem mágoas, com magia, com sonhos à mistura, e verão__________ o Amor acontece e o livro terá um Final Feliz. Este pequeno texto não é mais que uma reflexão simples da vida, da vida de todos nós.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

DE OUTROS BLOGS:BORIS VIAN

O Outono em Pequim, Boris Vian, Capa
A história de O Outono em Pequim, de Boris Vian, não é no Outono, e muito menos em Pequim, mas Boris Vian tem alguns dos títulos mais fantásticos, ou estrambóticos, palavra que a porcaria do corrector ortográfico não conhece, ou que nada têm que ver com o conteúdo, coisa que quem conheça a obra de Boris Vian sabe que tem a razão de ser em não haver razão de ser nenhuma. Também o título da obra de Boris Vian escolhida para este post não podia ser o mesmo que para o título do post.

Comprei este livro ao acaso (a minha edição não é a que está na imagem) quando nunca tinha ouvido falar do autor. É uma das coisas que me dá mais prazer: comprar livros ao acaso, de autores que não conheço; coisa que faço cada vez menos, porque por cada descoberta magnífica, maravilhosa, deslumbrante, e outros adjectivos elogiosos, pelo menos meia dúzia de volumes servem para ficar a encher as estantes de pó.


Comecei a lê-lo numa noite, nos tempos agora tão distantes da faculdade, em que insistiram para sair, e ficar em casa sozinho não me agradava. Nos bancos de um café primeiro, e nas escadas de uma igreja depois, os meus semi-ébrios colegas não entenderam porque me ria tanto, até que os efeitos do álcool os elucidou. A escrita de Boris Vian embriaga-nos - e como Charles Baudelaire aconselha, devemos andar sempre embriagados - com whiskey, amor, ou literatura. Pois, não é de cerveja, sexo, e pasquins de província que Baudelaire fala, mas as maravilhosas nuvens não deixam de passear pelo profundo azul do mar por causa disso. 

Não me recordo como começa, por onde passa, ou onde acaba O Outono em Pequim. Algures a caminho do meio de qualquer coisa, no trem da noite. Uma obra que nenhum amante de Literatura pode perder, ou será demasiado tarde para apanhar o comboio, o autocarro está avariado, os preços dos bilhetes de avião low cost estão cada vez mais high, e dinheiro para o gasóleo veio o governo confiscá-lo. Resta-nos comer papel.


Sentia-o junto à coxa, pesado e frio como um animal morto. O bolso e o cinto pendiam com o peso e, a camisa, do lado direito, tufava sobre as calças. O impermeável impedia que se visse, mas de cada vez que estendia a perna, o tecido ganhava um grande vinco e isso toda a gente notava. O mais sensato era seguir por outro caminho. (...) Chocou com um ciclista que dava a volta sem avisar. O pedal arrancou-lhe a dobra das calças e lacerou-lhe o tornozelo. Quando sentiu que ia cair, estendeu as mãos para a frente, ao mesmo tempo que soltava um grito de terror. Vieram ambos estatelar-se no hão enlameado. A pouca distância, havia um chui. Cláudio Leão livrara-se da bicicleta, mas o tornozelo doía-lhe horrivelmente. O ciclista tinha um pulso torcido e, com sangue a espirrar-lhe do nariz, insultava Cláudio e Cláudio começava a encher-se de cólera, o coração batia-lhe, sentia um calor descer-lhe pelas mãos ao passo que o sangue circulava optimamente, latejava no tornozelo e na coxa e levantava o tira-teimas a cada pulsação. Nisto, o ciclista lança-lhe o punho esquerdo à cara e Cláudio faz-se ainda mais pálido. Mergulha a mão no bolso, tira o tira-teimas. Dá-lhe vontade de rir, porque o ciclista balbucia e recua; sente um choque horrível na mão e o cacete do chui a baixar. O chui apanha o tira-teimas, agarra Cláudio pela gola.Cláudio já não sente nada na mão. Volta-se de repente, estende a perna direita, visa o baixo-ventre do chui que se dobra em dois e larga o tira-teimas. Cláudio, com um grunhido de prazer, corre a apanhá-lo, e descarrega-o em seguida cuidadosamente sobre o ciclista, que leva as mãos à cintura e senta-se devagarinho fazendo âââh... mesmo lá do fundo da garganta. O fumo dos dois cartuchos cheirava bem e Cláudio soprou no cano como vira fazer no cinema; voltou a meter o tira-teimas no bolso e deixou-se cair em cima do chui. Queria dormir.

Excerto de O Outono em Pequim, de Boris Vian.

sábado, 22 de novembro de 2014


 LOS ANGELES COUNTY MUSEUM OF ART

"Nefertiti era e ainda é quem nunca julgou ser
ainda por cima sofria uma miopia galopante e não havia quem conseguisse apanhar porque as estrelas do mar e as letras quentes que formam a palavra nuvem não deixavam rasto 
e eles contaram-me dúzias de vezes as pedras escuras na minha mão e ficaram alarmados com o 
tamanho das ondas
o que fazia andar a rainha?
pés?
medo.
das sandálias
elétricas
ou se calhar um barulho ensurdecedor
era e ainda por cima
um sotão cheio de teias de aranha
venenosa 
ou não?"
"És certamente um eclipse das horas planas e da argila formal,

Uma flor azul a pairar sob um cântico de borboleta."
in A COR DA GAIVOTA by JOÃO PAULO CALADO

Apresentarei daqui em diante  em diante alguns trechos da minha autoria juntando uma salada de imagens.
E assim configuro o meu blog renascendo em espaços com novo aroma.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Anaïs Nin on Embracing the Unfamiliar

by 
“It is a sign of great inner insecurity to be hostile to the unfamiliar.”
We’ve already seen that life is about living the questions, that the unknown is what drives science, and that the most beautiful experience we can have is the mysterious. John Keats wrote of this art of remaining in doubt “without any irritable reaching after fact & reason” and famously termed it“negative capability.” But count on Anaïs Ninto articulate familiar truths in the most exquisitely poetic way possible, peeling away at the most profound and aspirational aspects of what it means to be human.
In a diary entry from the winter of 1949-1950, found in The Diary of Anaïs Nin, Vol. 5: 1947-1955 (public library), which gave us Nin’s whimsical antidote to city life and her poignant meditation oncharacter, parenting, and personal responsibility, she observes:
Educators do all in their power to prepare you to enjoy reading after college. It is right that you should read according to your temperament, occupations, hobbies, and vocations. But it is a sign of great inner insecurity to be hostile to the unfamiliar, unwilling to explore the unfamiliar. In science, we respect the research worker. In literature, we should not always read the books blessed by the majority. This trend is reflected in such absurd announcements as “the death of the novel,” “the last of the romantics,” “the last of the Bohemians,” when we know that these are continuous trends which evolve and merely change form. The suppression of inner patterns in favor of patterns created by society is dangerous to us. Artistic revolt, innovation, experiment should not be met with hostility. They may disturb an established order or an artificial conventionality, but they may rescue us from death in life, from robot life, from boredom, from loss of the self, from enslavement.
When we totally accept a pattern not made by us, not truly our own, we wither and die. People’s conventional structure is often a façade. Under the most rigid conventionality there is often an individual, a human being with original thoughts or inventive fantasy, which he does not dare expose for fear of ridicule, and this is what the writer and artist are willing to do for us. They are guides and map makers to greater sincerity. They are useful, in fact indispensable, to the community. They keep before our eyes the variations which make human beings so interesting. The men who built America were the genuine physical adventurers in a physical world. This world once built, we need adventurers in the realm of art and science. If we suppress the adventure of the spirit, we will have the anarchist and the rebel, who will burst out from too narrow confines in the form of violence and crime.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

com o LEIRIA

A nêspera, de Mário-Henrique Leiria




Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece

Mário-Henrique Leiria
in Novos Contos do Gin


Mário-Henrique Leiria (1923-1980) foi um escritor surrealista português.
É aluno da Escola Superior das Belas Artes, de onde é expulso em 1942 por motivos políticos. Participou nas actividades do Grupo Surrealista de Lisboa, entre 1949 e 1951, e em 1962, depois de ser preso pela PIDE aquando da "Operação Papagaio", instala-se no Brasil onde desenvolve várias actividades, como a de encenador e de director literário da Editora Samambaia. Voltaria em 1970. Publicou Contos do Gin-Tonic (1973), Novos Contos do Gin (1974), Imagem Devolvida, Conto de Natal para Crianças (1975) Casos de Direito Galáctico (1975), O Mundo Inquietante de Josela - fragmentos (1975) e Lisboa ao Voo do Pássaro (1979). Colaborou, com pequenos contos, no suplemento Fim-de-semana, do jornal República e no semanário humorístico "Pé de Cabra". Chefiou a redacção de O Coiso, semanário impresso nas oficinas do República, durante 13 semanas, em 1975. Aderiu em 1976 ao PRP – Partido Revolucionário do Proletariado. Alguns textos seus, escritos em colaboração, foram recolhidos na Antologia Surrealista do Cadáver Esquisito (1961), organizada por Mário Cesariny.
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio-Henrique_Leiria

com o MÁRIO

O jovem mágico
O jovem mágico das mãos de ouro que a remar não se cansa muito e olha muito depressa (como se fosse de moto) veio hoje ficar a minha casa
Vivia longe
longe já se sabia
tão longe que era absurdo querer determinar
metade campo metade luz
aí era a sua casa o sítio onde era longe
mesmo de olhos
fechados (como ele estava)
e de braços cruzados (como parecia dormir)
o jovem mágico das mãos de ouro
que era todo de empréstimo à minha noite
que falou
por acaso que nem se chamava assim
(segundo também contou) tinha vivido há muito
ele, que estava ali, era um falsário
um fugido de outro basta ver os meus olhos
nada sabemos
de nós a não ser que chegamos
sem uma luz a esconder-nos o rosto
belos e apavorados de estranhos casacos vestidos
altos de meter medo às aves de longo curso
nem há
noites assim não há encontros
ao longo das enseadas
não há corpos amantes não há luzeiros de astros

sob tanto silêncio tão duradoura treva
e não
me fales nunca eu sou surdo eu não te oiço
eu vou nascer feliz numa cidade futura
eu sei atravessar as fronteiras das coisas
olha para as minhas mãos que te pareço agora?
No entanto
surgiu como simples criança
conseguia sorrir sentar-se verter águas
com as maõs na cintura livre natural
ele que era um fantasma um fugido de outro
um que nem
mesmo se chamava assim
o jovem mágico nu de todos os sítios da Terra


http://www.escritas.org/

sábado, 8 de novembro de 2014

“When I know your soul, I will paint your eyes” 
― Amedeo Modigliani
Amadeo Modigliani- Jeanne Hebuterne by ebruzdem on Pictify




sexta-feira, 7 de novembro de 2014

PARA UMA AMIGA

Segue o álbum do(a) Joao POETRYno Pinterest. 





BRUMAS
OLHEI O CÉU.DE UMA JANELA INVENTADA.NUVENS AGUARELADAS
CARVÃO SUAVE INUNDAM A MINHA ÍRIS DE MÚSICA.
ODORES TRISTES A BALOIÇAR NAS MINHAS PERNAS.
EU,SENTADO NUMA CADEIRA INVENTADA
OBSERVO OS PRIMEIROS DESENHOS DA NOITE.
CHEIRAM A JARDINS ESCONDIDOS POR DETRÁS DO FUMO.
SEM ME DEBRUÇAR,ESPREITO A TEXTURA BAILARINA
DAS NUVENS
DESFAZEM-SE MÁGICAS NUM ABRIR E FECHAR DE OLHOS.
PARECEM ESTAR BRINCANDO.E FORMAM CONJUNTOS DE CASTELOS
DE AREIA,NAVIOS REMOTOS COM ASAS DE ALBATROZ,CORPOS
DANÇANDO NA ORLA DO TEMPO,DO MEU ESCASSO TEMPO.
EU AGORA ESCUTO
 APENAS UMA CORTINA VAGA TRANSLÚCIDA,
UM PERFUME SONORO DE ACORDES LENTOS NOS MEUS CABELOS
BRANCOS.A RAINHA DA NOITE CONVIDA-ME PARA UM FESTIM.
MAS ONDE ENCONTRAR O PORTAL DE FANTASIA?SEGURO DE MEUS PASSOS
PROCURO POR ENTRE PÁGINAS AO VENTO.CAMINHO NO PERDER-ME
ATÉ ENCONTRAR-ME