domingo, 16 de dezembro de 2012

ESPELHO DE LICORES

SÃO PALAVRAS DE OUTRAS ERAS
DE UM OUTRO EU.
E DEPOIS REALIZEI UM RITUAL DE TRANSFORMAÇÃO.
QUEM ERA JOAO PAULO CALADO?
QUEM DEIXOU DE SER?
FINGI QUE MUDAVA DE PELE,TAL QUAL UMA MAMBO NEGRA.MORDI-ME E SENTI A PICADA.E SANGREI.


E RENASCI.

ESPELHO DE LICORES
Revisited.poemas de ontem & d´agora
“li no futuro.sem hesitar um instante voltei a pegar num caderno de linhas(ainda existirão coisas destas daqui a 1000 anos?),numa caneta bic preta e lancei-me na tarefa de escrever memórias.as minhas.deixar um sinal e enviar para um passado distante.quando eu era mais jovem e quando eu sonhava com as viagens no tempo”
Primeira parte: Julho de 1986 em colisão com  Dezembro de 2012
1
Há reflexos mudos nas bocas.
As latitudes submersas do teu corpo
São uma obcessão caótica,subtil.Há o inverso das cores,
Um equilíbrio lendário na língua,uma miragem melancólica.
Os nossos segredos são antologias raivosas.
Transmitimos alvoradas assombrosas no palco
De um céu elevado.
Há a vontade de ser felino,abertura de um galope
Sem limite divisível.
Temos o nosso subsolo como actor fundamental,
Nus e perfumados de certezas,
Somos singularidades suicidas surpreendentes,
Constantes redes debruçadas
Num ritmo impróprio.
2
Conhecemos os artifícios das pedras,
A regularidade de células sem léxico
E a equidade do vento.
Construir espaços não é um acaso.
É por isso que te sinto repleta de noite.
Entreabres a poesia com uma censura aos medos.
Emudeces a causa dos pântanos.
Eras uma sílaba de lábios taciturnos,
Uma hospedeira do vácuo  e das melodias.
Por acaso também o eras do belo.
Nem o vestígio da mortal tranquilidade
Nem o facto de nunca existir solidão
Te faz pensar na possibilidade de existirem homens
Entalados no néon ,no prazenteiro e impulsivo néon,
No carrasco da cidade!
3
És certamente um eclipse das horas planas e da argila formal,
Uma flor azul a pairar sob um cântico de borboleta.
És pétala de praia tão distante,
Luar tão prostituidode revolta e de sémen louco.
És linguagem equívoca,um sonho por aí á boleia.´
És parâmetros dos matizes lânguidos
Que tudo suspende no ar,na angústia,
Por sobre os telhados húmidos.
És uma respiração já de si fria,
Incolor e incomodativa.
És mar de lágrimas contidas
Num impulso de vulcões musicais.
És intrepidez pálida,um vento sem mãe,sem lugar,
Sem barro,sem imagem.
Porque a tua voz desenbarca no exterior
De qualquer teia.
Teus olhos sobrevivem á memória fundida.
Não podesexistir senão em imaginação de artista cego
Que perdeu as rédeas do céu e esperou.
A tua divindade consiste na ordem sobrenatural
De toda a tua vulgaridade.
4
Como lâmina cuspida de encontro ás areias,
Um corpo inarticulado e estendido
Sorri.
Mas nada sei de ti a não ser
Que me levas num suave murmúrio sedutor,
Num fervor útil ao esquecimento,
No teu ritual translúcido,termo das idades.
Nada sei,a não ser,que és bela
E que o teu leito de amor
Nunca pode ser uma cela.
Nada sei de ti,
Mas para mim,
És o desmaio cósmico,
És o ventre do espaço,
A mão do tempo,a ponte,a viagem
Risonha do etéreo.
As tuas histórias falam de mel e euforia estranha.
5
Desnuda-te.revela-te.
Descobre-te á luz das portas carismáticas.
Diz quem realmente és
Ou se alguma coisa és
Porque a tua essência explica continuidade.
A minha poesia não é suficiente
Para te desfazer em letras,
Em cinético plasma romântico.
Eu quero a tua forma!
Antes que me convides
E eu não saiba recusar.
Eu não quero ser perpétuo,
Não quero ser devorado
Pelas térmitas do álcool veemente,
Pela audácia inevitável da eliminação física.
Não quero ser um rasto
Podendo ser uma forma
Em busca de outras formas.
Eu amo as flores
E quero vislumbrar-te á luz
De um ido instante.
Só gostaria de ultrapassar o ímpeto do tempo
E partir acompanhado.
                                        In A COR DA GAIVOTA

 

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