sábado, 31 de janeiro de 2015
domingo, 25 de janeiro de 2015
a janela líquida é uma página onde a fronteira da realidade
é uma linha ténue,vaga,com um aroma de cereja e música de tempos esquecidos.
a janela líquida é um morcego velejar silencioso num céu azul pardo quando a noite abraça as sombras e esconde o sol nas areias do outro lado.
a janela líquida é o retrato de uma rainha misteriosa que desafiou a eternidade e o seu olhar prende numa teia de feitiço,todos aqueles que invocam o nome dela .
encontram-se sinais nos cabelos imaginários de animais imaginários e escutam-se melodias nas pedras onde tentaram apagar a sua presença,a sua essencia divina.
a janela líquida é um sonho num livro.
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acordei ?
tudo era amarelo e soava a harpas e sugeria o oriente de eras remotas.um campo e girassóis a perder de vista .duas luas muito brancas entre montanhas deuma altura indizível.
um corcel árabe,majestoso,belo,elegante a galopar e a chamar-me...
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
sábado, 3 de janeiro de 2015
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
COM SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDERSEN
Sophia de Mello Breyner Andresen (06/11/1919 § 02/07/2004)
INICIAL
O mar azul e branco e as luzidias
Pedras — O arfado espaço
Onde o que está lavado se relava
Para o rito do espanto e do começo
Onde sou a mim mesma devolvida
Em sal espuma e concha regressada
À praia inicial da minha vida
in «Dual», prefácio de Eduardo Lourenço, edição Assírio & Alvim
INICIAL
O mar azul e branco e as luzidias
Pedras — O arfado espaço
Onde o que está lavado se relava
Para o rito do espanto e do começo
Onde sou a mim mesma devolvida
Em sal espuma e concha regressada
À praia inicial da minha vida
in «Dual», prefácio de Eduardo Lourenço, edição Assírio & Alvim
COM MÁRIO CESARINY
Mário Cesariny — 09-08-1923 § 26-11-2006
VOZ NUMA PEDRA
Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi Osíris porém chamava-se ele nessa altura Luiz
decerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava João
nenhuma nenhuma palavra está completa
nem mesmo em alemão que as tem tão grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento
Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco-íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos
Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais ritmará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores de morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se não construirão ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal
Mário Cesariny, in «Pena Capital». Ed. Assírio & Alvim
VOZ NUMA PEDRA
Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi Osíris porém chamava-se ele nessa altura Luiz
decerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava João
nenhuma nenhuma palavra está completa
nem mesmo em alemão que as tem tão grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento
Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco-íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos
Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais ritmará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores de morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se não construirão ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal
Mário Cesariny, in «Pena Capital». Ed. Assírio & Alvim
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